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"Há muito tempo que ela não sorria tão espontaneamente. Há muito tempo que ela não sentia tamanha vontade de viver, de ser feliz, de fazer as coisas boas da vida. Não, ela não está apaixonada… ela simplesmente se desapegou das coisas que não lhe faziam bem."

Carinhos Guardados ♥

02 julho 2011

A violência que chama por Paz!


No Reino das Penumbras o Rei Miramar vivia uma terrível e dura realidade:não conseguia conter o ímpeto de uma dama cruel que viera passear nos seus domínios e dali não mais se ausentara.

Alta,morena,longa cabeleira escura envolta em negro véu sedutoramente perfumada,olhos que perfuravam a mais densa escuridão como maçaricos em chamas,trejeitos sensuais expondo a sua lascívia dominadora,a Violência atormentava o Reino com internas convulsões de arbritariedades cruéis. Sabendo-se sedutora,insinuava-se nos lares atiçando o ímpeto dos maridos contra as esposas,transformando-os em audazes verdugos cuja chibata cortava o dorso das mulheres que se tornavam rendidas e submissas tendo apenas o medo como consolo,onde se refugiavam.

Enquanto esta dama intinerante vagava pelo Reino espalhando desarmonia,ódio e maus tratos,uma outra,moradora há anos deste Reino,de tez alva e delicada,olhos azuis,penetrantes como nesgas do céu radiante,mãos delicadas que se movimentavam sobre as suas vestes delicadas como se fossem borboletas em hábeis e graciosos voluteios,acompanhava com discrição a conduta da sua antagonista na tentativa de neutralizar as suas forças não permitindo o culto à desarmonia; era a Paz!

Infelzmente,nem sempre ela conseguia o seu intento pois a Violência extremamente ardilosa ,via a cada dia aumentar o seu contigente de adeptos.

Imaginando como enfrentar e resolver o problema com a Violência,o Rei Miramar marcou um encontro entre ela e a Paz a fim de que esta última viesse a aconselhar-lhe e,quem sabe assim, mudar o seu temperamento e a sua conduta.

Na hora maracada,nas dependências do palácio real ambas compareceram cumprindo rigorosamente os critérios estabelecidos pelo rei,quais foram: pontualidade,trajes simples,nenhuma arma e dez testemunhas.

Iniciado o diálogo pelo Rei,este cedeu a palavra à Paz,explicando para a Violência a finalidade a que este se propunha.Ela não reagiu mas franziu o cenho e manifestou leve risada de sarcasmo.

Conduzindo com dignidade e brandura a conversa, a Paz enfatizou a necessidade da harmonia a fim de respeitarmos a Lei Natural do Amor e podermos fazer parte do quadro de co-criadores do processo Universal;dissertou sobre o Amor e as suas conquistas no âmbito moral da humanidade;citou os grandes expoentes que passaram pelo mundo espalhando-o por todos os lugares,estabelecendo os sólidos alicerces para os que lhes sucederam;enalteceu os famosos e inenarráveis "milagres" que nada mais são do que a patente manifestação do Amor de Deus,invadindo a madrugada até altas horas com as suas palavras melodiosas cuja tônica era sempre o Amor.

As palavras,como que por magia,se transformavam em gotículas luminosas que penetravam pelos poros dos presentes,inclusive da Violência,beneficiando-os no seu bem estar físico e espiritual.

A Violência acostumada durante séculos e mais séculos às sensações grosseiras do corpo e da alma,ao receber o influxo destas gotículas iluminadas e benfazejas, revirava-se na sua poltrona,gesticulava como se desejasse um aparte enquanto abria a boca que quedava inerte por não conseguir articular as palavras que rolavam desenfreadas pela sua mente doentia.

Durante vários minutos e horas a Violência travou um embate consigo mesma na tentativa de apartear a fala da Paz e impor os seus argumentos,sem êxito. Quando,cansada de lutar contra a força que a mantinha em estado de exaltação inerte e flácida,percebeu que a sua adversária havia conquistado a todos inclusive as suas testemunhas e fiéis companheiras das lides cruéis,tentou gritar mais uma vez e,a sua voz assemelhando-se a um esgar de dor rasgou a sua garganta projetando-se no ambiente como uma pasta escura e pegajosa grudando no teto durante alguns segundos para espatifar-se em seguida no colo da Paz que a recolheu,mirando-a por longos e silenciosos minutos para dizer em seguida:

- Estou aqui,amiga!

O rei exaltado não conseguindo entender o que se passava perguntou à Paz:

- A quem te diriges?

- À nossa irmã Violência,ó Alteza Real.O senhor não escutou o seu grito de dor clamando por repouso e bem estar?!

Não,não escutei,respondeu-lhe o rei.

- É verdade! falou a Paz. As suas palavras rugiram tão entrecortadas de dor e lamúria que poucos puderam escutá-las.Erguendo-se da poltrona a Paz levantou,para que todos pudessem ver com nitidez,o lamento que brotou das entranhas da Violência quando não mais suportando a si mesma,naquele dia glorioso, ela clamou pela Paz!
By: Blogagem Coletiva 

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