“Bancada” com “cambada” bem combina,
assim como “político” é “ladrão”.
Carecas de saber todos estão
que “gorja” ou que “caixinha” é uma propina.
O “toma lá, dá cá” nunca é sovina
tratando-se de cargos no escalão
mais alto: os que bastante esmola dão
recebem tudo em dobro, a Igreja ensina.
Por “câmara”, a de gás melhor convinha
a quem é deputado; a um senador,
machado, como morre uma galinha!
Dos outros dois poderes, o sabor
de vê-los fuzilados se escrevinha
“justiça executiva”, é de supor.
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Judicial (Soneto 905)
Sofrera um inocente, tendo sido
por várias testemunhas apontado
como autor do homicídio do abastado
gerente dum comércio de tecido.
Sofrera na polícia, que bandido
então o considera, e para o Estado
culpado foi num caso já encerrado,
embora muito pouco esclarecido.
Sofrera pela imprensa, que divulga
seu nome e foto e a vida lhe arruína,
como quem foca a lupa numa pulga.
Mas sofre ainda mais porque a “divina”
justiça, já morosa quando julga,
demora pra soltá-lo: é que “examina” …
(Aldo Corrêa)
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